O que é catarata?
A catarata é uma doença que afeta os olhos e é a maior causa mundial de deficiência visual. Ela ocorre em cerca de 65 milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente em idosos. A boa notícia é que a cegueira e a dificuldade de visão causadas pela catarata são completamente reversíveis com o tratamento, sendo possível a recuperação completa da visão!
Como ela se forma?
Nós temos dentro dos nossos olhos uma lente natural chamada cristalino. O cristalino é responsável por focalizar a luz que entra nos nossos olhos, possibilitando a formação da imagem visual na retina. Para que isso ocorra é necessário que o cristalino seja completamente transparente, para que deixe passar a luz que entra nos olhos sem perda de qualidade da visão.
Quando o cristalino, por algum motivo, começa a ficar opaco, isso impede que a luz chegue de maneira ideal na retina. O resultado disso é a visão borrada e sem nitidez, como se estivéssemos olhando por uma janela com os vidros sujos. Essa opacidade do cristalino é o que nós chamamos de catarata.
O que causa a catarata?
Na grande maioria dos casos a catarata ocorre em decorrência do envelhecimento, principalmente a partir dos 60 anos de idade. Essa é a chamada catarata senil, e é um processo natural de envelhecimento dos nossos olhos. A catarata senil costuma ser de evolução lenta, geralmente demoram alguns anos entre detectarmos a catarata no exame e entre ela crescer a ponto de atrapalhar a visão de maneira significativa.
Existem porém algumas coisas que podem acelerar o desenvolvimento da catarata, fazendo com que ela ocorra em pessoas jovens. Isso pode ocorrer, por exemplo, em pessoas que façam uso de medicamentos que contenham corticóides, que tenham apresentado quadro de inflamação intraocular (uveíte) ou em decorrência de acidentes com trauma ocular.
Existem também casos de crianças que já nascem com catarata, é a chamada catarata congênita. Esta pode ser decorrente de infecções durante a gravidez ou de causa genética.
Quais são os sintomas da catarata?
A catarata pode prejudicar a visão de diversas maneiras diferentes. A opacidade do cristalino causa embaçamento e turvação visual. O cristalino com catarata apresenta também mudança de coloração, alterando a nossa visão de cores, fazendo com que as coisas fiquem amareladas ou avermelhadas. A catarata também prejudica a percepção de contraste e a visão noturna. Além disso, podem ocorrer também fenômenos luminosos muito comuns, conhecidos como glare ou halos, que são a imagem da luz se espalhando quando olhamos para uma fonte luminosa, como um farol de carro ou uma lâmpada.
É importante lembrar que a catarata não é a única doença ocular que causa esses sintomas. É essencial a avaliação oftalmológica completa para confirmar o diagnóstico.
Como é feito o diagnóstico?
A avaliação por um oftalmologista especialista é fundamental para o diagnóstico da catarata. A consulta oftalmológica é suficiente para o diagnóstico da catarata, não sendo necessário nenhum exame complementar. Na consulta podemos medir a acuidade visual ( o teste das letrinhas) para saber o quanto a catarata está prejudicando a visão. Já avaliação ao microscópio, chamado biomicroscopia, é possível visualizar a catarata dentro do olho.
Vale ressaltar que, apesar de somente a consulta oftalmológica já ser suficiente para detectar a catarata, é importante a realização de exames para avaliar se há outra doença oftalmológica associada que possa prejudicar o resultado da cirurgia, como retinopatia diabética, DMRI ou glaucoma. Os exames também são importantes para a decisão do melhor momento de operar a catarata.
Qual é o tratamento da catarata?
O tratamento da catarata é sempre cirúrgico. Não caia em golpes na internet de pessoas que recomendam colírios, vitaminas ou exercícios para o tratamento da catarata. A única maneira de resolver o problema é através da cirurgia de catarata, conhecida pelos nomes de facectomia ou facoemulsificação.
A cirurgia de catarata é uma das técnicas mais seguras e com melhor resultado de toda a medicina. O risco de complicações é bastante baixo. Isso não quer dizer, no entanto, que a cirurgia seja simples. Ela envolve equipamentos de altíssima tecnologia e requer grande habilidade da cirurgiã oftalmologista para que sejam obtidos os resultados esperados.
Quais são os exames necessários no pré-operatório?
Antes de realizar a cirurgia de catarata é necessária uma avaliação da saúde dos seus olhos e também da sua saúde geral.
A avaliação da saúde ocular consiste na realização dos exames de microscopia especular, que detecta doenças das córneas, e do mapeamento de retina, que detecta doenças da retina. Além disso, também realizamos o exame chamado PAM, que consegue fazer uma previsão de como pode ficar a visão após a cirurgia de catarata.
A avaliação da sua saúde geral é feita pelo médico cardiologista através da realização de exames de sangue e do risco cirúrgico.
Além da avaliação da saúde geral, são necessários ainda outros exames que são usados na escolha da melhor lente intraocular para você. É o caso dos exames de biometria e topografia corneana, que são essenciais para a realização da cirurgia.
Além desses exames básicos, pode ser necessário realizar outros exames específicos para cada caso, por exemplo o OCT em casos de suspeita de doenças da retina, ou a gonioscopia caso a sua catarata esteja causando aumento da pressão ocular, dentre outros.
Preciso esperar a catarata amadurecer antes de operar?
Antigamente a tecnologia que estava disponível para a cirurgia de catarata era muito inferior à disponível hoje. A aparelhagem utilizada no procedimento era mais rudimentar e as lentes intraoculares tinham qualidade inferior. A cirurgia muitas vezes precisava levar pontos e o risco de infecção era maior. Com isso, o risco de se operar a catarata há 20 anos atrás era muito maior do que é hoje. Isso criou uma noção de que era necessário esperar a catarata amadurecer e a visão ficar suficientemente prejudicada para correr o risco de passar pela cirurgia de catarata.
Recentemente esse cenário mudou muito. Atualmente a cirurgia de catarata é extremamente segura, e salvo alguns casos específicos de cataratas mais complicadas, não há motivo para adiar a cirurgia esperando a catarata crescer ou amadurecer.
Como saber se já é o momento certo de operar?
O melhor momento de operar a catarata deve ser uma decisão conjunta entre o paciente e o oftalmologista.
O paciente deve avaliar o quanto a catarata está prejudicando as atividades do seu dia-a-dia. Se você percebe que a baixa de visão está atrapalhando para fazer coisas que você gosta, como ler um livro, ver um filme com legendas ou dirigir à noite, então você deve considerar a possibilidade de operar. O grande objetivo de qualquer tratamento médico é preservar a qualidade de vida do paciente. Assim, se você sente que sua visão já não é mais a mesma de antes, ou sente que está deixando de fazer algo que goste por dificuldade de visão, isso significa que já está na hora de operar.
A opinião da sua oftalmologista também é essencial para escolher o melhor momento da cirurgia. Em alguns casos, mesmo que o paciente não sinta dificuldade visual no seu dia-a-dia, pode já ser indicado realizar a cirurgia de catarata para evitar que ela gere problemas mais graves no futuro. Conforme a catarata avança, existe o risco de aumento da pressão ocular, causando glaucoma. Além disso, quanto mais a catarata avança, maior o risco de as córneas sofrerem com a cirurgia, então pessoas que apresentem doenças das córneas podem ter benefício na cirurgia de catarata precoce, mesmo antes de ela afetar a visão.
Como realizamos a cirurgia de catarata?
O preparo pré-operatório
O primeiro passo é decidir o local da cirurgia. Essa escolha será feita pela sua oftalmologista de acordo com o seu caso, não se preocupe. Na grande maioria dos casos realizamos a cirurgia em um centro cirúrgico exclusivamente oftalmológico. Em alguns casos a cirurgia também pode ser feita em um ambiente hospitalar, principalmente se o risco cirúrgico do paciente for elevado. Independente da escolha, não é necessário internação, o paciente vai para casa no mesmo dia da cirurgia.
Antes de realizar a cirurgia converse com sua oftalmologista e também com o cardiologista no exame de risco cirúrgico, sobre a necessidade de suspender o uso de alguma de suas medicações. Algumas medicações que afinam o sangue ou anti-inflamatórias podem necessitar suspensão do uso por 1 semana antes do procedimento, dependendo do tipo de anestesia a ser realizado. Já as medicações para tratamento do diabetes costumam ser suspensas apenas no dia do procedimento.
O jejum recomendado para a cirurgia é de 8 horas, durante esse tempo você não deve comer nem ingerir nenhuma bebida. Esse jejum é essencial para garantir a segurança do procedimento.
No dia da cirurgia você precisa ir com um acompanhante maior de idade, não vai poder dirigir e deve levar seus exames pré-operatórios. Ao chegar para a cirurgia, você vai precisar trocar-se para uma roupa própria do centro cirúrgico, para evitar contaminação com bactérias.
A rotina cirúrgica se inicia com os procedimentos de segurança, com a medida da pressão arterial e a realização do acesso venoso (“pegar a veia”), além disso será iniciado também o processo de dilatação da pupila com colírios.
O próximo passo será a realização da anestesia. Será injetada na veia uma medicação calmante, que pode ser leve, causando apenas um certo relaxamento, ou pode ser mais pesada, te levando a dormir durante o procedimento. Essa decisão é feita pela equipe cirúrgica, e também leva em consideração o desejo do paciente. Será também realizada uma anestesia no olho, que pode ser apenas na forma de colírios ou uma injeção na pálpebra, dependendo de cada caso.
A técnica cirúrgica
Agora é o momento de iniciar a cirurgia propriamente dita. Uma pergunta muito comum dos pacientes é se será possível ver o olho sendo operado. Não se preocupe, pois mesmo se você estiver acordado durante o procedimento não é possível ver a cirurgia, pois o outro olho estará coberto e o olho que está sendo operado verá apenas uma luz forte do microscópio. A cirurgia é rápida (geralmente varia entre 10 a 15 minutos) e indolor.
A cirurgia consiste em fazer um pequeno corte microscópico no olho, e por ele é inserido um instrumento que aspira a catarata, chamado de facoemulsificador. Esse é o aparelho que é popularmente conhecido como laser, mas que na verdade é um ultrassom. Depois de retirada a catarata, que é o cristalino envelhecido, usamos esse mesmo pequeno corte para inserir a lente artificial, que a partir de agora irá fazer o papel de focalizar a luz na retina que antes era feito pelo cristalino, a lente natural dos nossos olhos. Como o corte realizado na cirurgia é muito pequeno, normalmente não é necessário levar ponto. Quando nos referimos a cirurgia de catarata a laser, esse é o procedimento realizado.
A outra técnica que existe é a realização de um corte grande, para retirada da catarata inteira em vez de fazer a sua aspiração dentro do olho com o aparelho conhecido como laser. Essa técnica precisa levar pontos, tem uma recuperação mais lenta, e hoje em dia só é utilizada muito raramente, em casos de cataratas muito avançadas ou complicadas.
Após o término da cirurgia, dependendo do tipo de anestesia realizada, pode ser ou não necessário fazer um curativo. Nós fazemos esse curativo ainda na sala de cirurgia, e retiramos no mesmo dia ou no dia seguinte após a cirurgia. Não se preocupe pois você não precisará refazer o curativo em casa.
A partir desse momento você já estará recuperado da anestesia e poderá fazer uma refeição leve e ir para casa.
A cirurgia é segura?
Sim, a cirurgia de catarata é uma das mais seguras e com melhor resultado na medicina. A ocorrência de complicações é rara, e as complicações mais comuns geralmente se resolvem com o correto tratamento. É importante compreender, no entanto, que toda cirurgia apresenta riscos, por mais segura que seja. Complicações graves, que levem à cegueira, são raríssimas, mas podem sim ocorrer.
Posso operar os dois olhos ao mesmo tempo?
Não! Operar os dois olhos ao mesmo temo aumenta o risco de infecção e de erro no cálculo do grau da lente intraocular.
Qual lente devo escolher para a cirurgia de catarata?
Quando fazemos a cirurgia de catarata estamos extraindo do olho o cristalino envelhecido, assim estamos retirando a lente natural, e é necessário substituí-la por uma lente artificial. Existem vários tipos diferentes de lentes, que escolhemos baseado no resultado dos seus exames, na qualidade de visão que elas proporcionam e também na possibilidade de independência dos óculos.
É importante entender que não existe um tipo de lente que seja a melhor para todas as pessoas, essa escolha é totalmente individualizada. Na consulta de pré-operatório da catarata a sua oftalmologista vai escolher a melhor lente para você. É muito comum o paciente ir à consulta querendo usar o mesmo tipo de lente que um parente ou um amigo utilizou e obteve bons resultados, porém, pessoas diferentes precisam de lentes diferentes. A lente que ficou muito boa para uma pessoa pode ficar muito ruim para outra pessoa, se for mal indicada.
Nessa consulta de pré-operatória a sua oftalmologista vai levar em conta os seus hábitos diários para escolher a lente que vai te dar o melhor resultado. São fatores importantes para levar em conta nessa escolha:
- Profissão e hobbies
- Hábitos de leitura
- Tempo de uso de celular e computador
- Direção (principalmente se dirige à noite)
- Adaptação com os óculos e se gosta de usá-los ou prefere ter independência deles
- Outras doenças oculares associadas, como glaucoma ou retinopatia diabética ou DMRI
- Qualidade da lacrima e ressecamento dos olhos
Quem operou catarata não precisa mais usar óculos?
O principal objetivo da cirurgia é a retirada da catarata, possibilitando melhora da visão. Atualmente, com o avanço da tecnologia em lentes intraoculares e nos exames pré-operatórios, tornou-se possível aplicar nessas lentes o grau dos óculos. Isso torna possível a independência dos óculos depois da cirurgia, adicionando assim mais um benefício à realização da cirurgia de catarata.
É importante ressaltar que não é qualquer tipo de lente que vai levar a esse resultado. Existem lentes para correção de diferentes tipos de grau, por exemplo, existem lentes que corrigem apenas a miopia e a hipermetropia, enquanto outras lentes corrigem também o astigmatismo. Existem ainda lentes que corrigem apenas o grau de longe, enquanto outras corrigem tanto longe quanto perto. A avaliação pré-operatória com uma oftalmologista que tenha conhecimento atualizado nas tecnologias de lentes intraoculares é essencial para o resultado desejado.
Como é a recuperação da cirurgia?
A recuperação da cirurgia de catarata é bastante rápida, muitas vezes é possível enxergar muito bem já no dia seguinte da cirurgia. Em casos de cataratas mais avançadas ou complicadas pode levar mais tempo para ocorrer a recuperação visual, que raramente demora mais do que 1 semana.
É necessário realizar repouso, principalmente na primeira semana, porém para atividades mais intensas como academia ou fisioterapia pode ser necessário até 1 mês de repouso. Você vai precisar também usar corretamente os colírios de pós-operatório, eles são essenciais para a recuperação da cirurgia.
A catarata volta?
Não, nós só temos catarata uma vez na vida, depois de operada ela não volta nunca mais. A lente usada na cirurgia também dura por toda a vida.
É frequente, no entanto, a mesma dificuldade de visão causada pela catarata retornar algum tempo após a cirurgia por conta de uma alteração que nós chamamos de opacidade de cápsula e é popularmente conhecida como “sujeira na lente”. Não se preocupe, não há nada de errado com sua lente! Acontece que o nosso corpo produz algumas células que se aderem na região onde a lente intraocular é implantada, e isso causa sintomas muito semelhantes aos da catarata, gerando baixa de visão.
A opacidade de cápsula pode ocorrer em qualquer momento após a cirurgia. Em alguns casos ela é precoce, podendo ocorrer mesmo 1 mês após a cirurgia, em outros casos ela demora vários anos para acontecer, e existem casos em que ela nunca ocorre. Seu tratamento é feito com laser no consultório, com um procedimento chamado capsulotomia, não sendo necessário realizar outra cirurgia.
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Eu fui diagnosticado com catarata. Em minha família tem,histórico de diabete é glaucoma estou muito preocupado pois,já tenho dois irmãos cegos.
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